Quarentena

A nossa rotina contra um virus (2020) #covid-19

#Quarentena20 (08/10/2020)

Paredes de casa

Nesta quarentena com mais tempo em casa, reparei muito nas paredes. Toda a casa com criança tem as paredes riscadas, desenhadas, sujas. Mas a nossa é repleta de uma linha de mãos que foi subindo. Mãos da Carolina, que ao longo dos anos, mas ainda hoje em dia, necessitam delas para apoio no caminhar, a cada desequilíbrio para amparo e no auxílio para levantar. Apesar de hoje o seu equilíbrio ser muito melhor e a facilidade de levantar sem comparação, as paredes antes brancas, hoje têm marcas amareladas de mãos, que provam ali à luz do dia, que talvez, em breve esteja na hora de as pintar novamente, para uma nova fase, quem sabe?  #acreditarsempre #evoluir #dificuldademotora #afemovemontanhas #olhardemae

#Quarentena19 (04/09/2020) 

Tem menos de 1 mês que começamos uma nova homeopatia receitada pela pediatra da Carolina (uma médica que recomendo sempre). E fico impressionada com seus resultados. Dizem que demora a fazer efeito, mas na Carolina SEMPRE foi rápido e uma vez mais confirmado. Essa semana mesmo ela assistiu a uma cena na TV com rostos pintados de festa junina e não saiu correndo ou começou com demonstração de pânico. Em conjunto iniciamos consultas com uma psicóloga infantil, alguém que conheço tem anos e me ajudou muito nas fases em que me sentia culpada e "perdida" em medos. Na semana passada a Fisioterapeuta da Carol me mandava uma mensagem confirmando: "acertamos né Fe, a Carol está melhor mais alegre novamente". Realmente este isolamento social tem trazido desafios diversos e muitos medos junto. Uma gotinhas de homeopatia provaram que bastava um ajudinha...

#homeopatia #psicologiainfantil #medos #evolucao


#Quarentena18 (04/08/2020) 

Os últimos dias não têm sido nada fáceis.

Depois da última convulsão a parte sensorial da Carolina ficou à flor da pele. 

Vieram medos, angústias... e mais questionamentos, principalmente demonstrados verbalmente em forma de angústia e choro.

Pela primeira vez surgiram algumas perguntas e afirmações difíceis: "Porque papai do céu me fez assim mamãe?"; "Porque eu tenho de usar órtese?"; "Não quero ver isso ou aquilo, porque eu desmaio."

Fomos a uma nova médica (recomendada), mas em família achamos que o caminho sugerido não faz sentido nesta fase da Carol. Decidimos outro, de uma nova terapia, que sim já estava para ser iniciada bem antes da pandemia, assim esta semana começaremos!

Para piorar na semana passada em consulta com o ortopedista que nos acompanha, soubemos que a Carol terá de ser operada num curto prazo e para isso precisamos ir a SP fazer exames.

Mais uma angústia... e agora mais ainda porque em consulta ela entende tudo o que se fala... ou seja, surgem mais questionamentos e medos.

Sempre falamos de tudo e abertamente com a Carol. Ela sempre nos mostrou lidar bem com os diversos temas e limitações, de forma confiante, mas nesta quarentena e com o seu crescimento surgem novas angústias.

Em casa está de "antena ligada" sempre e quando se fala em gesso ou cirurgia a expressão de "medo e não quero"... voltam em força.

A Carol já fez umas 6 ou 7 orteses até hoje, através de moldes de gesso, sempre com a mesma pessoa e nunca chorou ou reclamou. Nesta última, quase surtou em suor, lágrimas e gritos de pânico... confesso que se a minha mãe não tivesse vindo para me ajudar, acho que eu teria desistido na primeira perna.  Nessa noite parecia que eu tinha levado uma surra, tamanho desgaste físico e emocional.

Admito que o medo voltou ao meu peito de mãe com uma velocidade que eu não estava preparada... achava eu... porque algumas noites depois, respirei fundo, rezei muito e interiorizei novamente que vamos juntos, em família encarar mais esta etapa! 

Não vai ser agora que eu vou me abalar, faz parte do processo de crescimento da Carolina e nós família temos de continuar passando confiança, garra e disponibilidade até para que entenda que medos e angústias todos temos e faz parte da vida, mas que basta olhar e entender que o sol ainda existe diariamente e cheio de raios brilhantes e de luz.

#Quarentena17 (22/07/2020)

A Carolina, ganhou um celular da avó Valda (um celular usado que estava guardado).

Usava apenas com wifi e sem cartão, para jogos e acesso ao google/internet.

Quando entendeu que poderia enviar mensagens para algumas pessoas (facetime)... a felicidade começou.

Eu, o pai, a avó, a tia Beth, algumas tias (amigas), primas e as madrinhas começaram a receber frases e emojis ao longo do dia. Toda a hora queria falar com alguém... efeitos da "prisão domiciliar que a quarentena provoca".

Ligações da sala para o quarto ao longo do dia. Hilário!

Nada mais emocionante do que receber: "Mamae você es tá chegando?"

Ou: "mamae vocetavindo?"

Ou: "ca de voce"

Ou: "oioioioioi bom dia"

Etc...

A cada dia vai melhorando e corrigindo os erros, mas é um começo de quem começa a se comunicar pela forma escrita.

Lindo. Quantos sorrisos gerando por aí com as suas mensagens doces. 


#Quarentena16 (13/07/2020) 

A Carolina desde que entrou para o primeiro ano, que diz para todo mundo com orgulho: "esse ano terei provas". 

Hoje ela fez a sua primeira prova, não da forma imaginada... porque teve de ser online nesta fase tão atípica de quarentena.

Achei que poderia ter receio ou ansiedade, até porque a própria escola acabou induzindo um pouco essa sensação.

Mas tenho de deixar registrado o orgulho que eu e o pai sentimos ao vê-la feliz da vida, lendo tudo e preenchendo as respostas, a um ritmo bem rápido e confiante!

E no final ainda deixou registrado o momento por escrito :).

Aiiii quanto orgulho e gratidão à vida, por este presente minha "mini-me".

#provaescolar #primeiroano #alfabetização


#Quarentena15 (09/07/2020)

Tem 4 meses que trabalho de casa, que a Carolina não vai à escola e o Cesar mudou a forma de trabalhar. Igual a meio mundo...

A Carolina está numa idade que já irá guardar estes momentos para sempre e apesar de tão doloroso e triste... acredito também que com ele, guardaremos para sempre 

Ontem vi os números e continuo assustada com o número de mortes diárias no Brasil por Covid-19. Meu Deus quando irá parar? Quando teremos uma vacina?




#Quarentena14 (30/06/2020)

A Carolina no início da Pandemia pegou medo de andar de bicicleta após uma pequena queda! E lutou contra a mesma semanas e semanas. Na semana passada até chorou porque em uma aula escutou que os amigos já andam sem as rodinhas de apoio.

Após diálogo e algum colo de mãe, expliquei que cada pessoa tem o seu ritmo, que somos todos diferentes e que devemos ver os desafios como uma chance de evoluirmos! 

Ontem nos pediu para andar na varanda e hoje desceu toda feliz para andar com o pai. 

Voltou a cair, mas acho que entendeu que essa é a vida: caímos, levantamos. Caímos de novo, levantamos mais fortes e firmes! 

#bicicletainfantil #medodecair #evoluirépreciso #coragem #apoiofamiliar


#Quarentena13 (25/06/2020)

A Carolina está descobrindo um mundo de novas experiências.

Mostrar a barriga, sim uma coisa simples, mas jamais aconteceria. Um bikini ou uma blusa curtinha. Mas do nada pediu um nó na blusa. Queria uma blusa larga para poder dar um nó!

Vejo uma Carolina crescida, a cada dia mais vaidosa e corajosa.

Outra coisa, mudança de brinco. 

Esteve anos, com o mesmo, até perder um em um teatro. Para realizar trocas, só o fazíamos enquanto dormia. Esse era o trato, o acordo.

Mas hoje pede para trocar. Porque o azul é mais bonito. Ou porque quer o vermelho que combina mais. Ontem mesmo ganhou um de adolescente e pediu para colocar.

Eu troco diariamente... não tinha como ela não gostar disso!

Mais tarde, numa tentativa de colocar uma pequena argola de prata (um pedido dela desde o início da quarentena), passou mal. Feio. Quase convulsionou. :(

Deixei de a sentir ali. Seus olhos estavam longe... apesar de abertos.

Mas dessa vez consegui mantê-la comigo e alguns minutos depois estava bem, como se nada tivesse acontecido.

Conversamos à respeito. Pedi para que ela tente avisar quando se sentir mal, porque a mamãe não estará sempre a seu lado, para etender os sinais... esses que sinto dentro do meu corpo, até porque eu ao longo da vida, senti as mesmas coisas e cheguei a desmaiar em algumas. Mas nunca ninguém nem questionou que poderia ser uma convulsão. Apenas um simples desmaio, por sangue ou dor. Hoje em dia me pergunto, será o mesmo?

Na Carolina é mesmo tudo sensorial, emocional, não sei explicar. O que sei, é que ela está crescendo a olhos vistos e enfrentando seus limites.

Tem momentos que ainda é uma menininha, mas em outros se revela um mocinha chegando.

Que Deus a ajude a enfrentar esta nova fase que está chegando aceleradamente!

#crescendo #minhamenina #convulsao #sensorial #hipersensibilidade


#Quarentena12 (18/06/2020) 

Na semana passada me bateu um cansaço extremo. Eu me sentia ESGOTADA! A Carolina andava mais irritada e chorosa. Como consegui um dia de folga, decidimos ir até ubatuba passar 3 dias, apesar do medo do COVID-19 e de algum receio no peito.

Como temos família com casa em Ubatuba (uma pousada, na realidade), seguimos viagem e foi a melhor decisão.

Fomos ao parquinho, algo que a Carolina sentia muita falta nestes 3 meses de "prisão" domiciliar. Fomos na praia de Itamambuca todos os dias e eu e Cesar surfamos. 

Aiii que saudades eu tinha de fazer isso!! Eu peguei uma esquerda como não me lembrava a última vez. Onda cristalina e deslizante... até o Cesar gostou da onda que peguei! Fiquei feliz... me senti com 30 anos novamente rsrs.

A Carolina esqueceu dos pais um pouco. Brincou muito, se ralou de areia (os joelhos principalemente), nadou, pegou ondinha, pescou peixinhos com as mãos, catou concha, comeu bastante (areia também rsrs) e com prazer viveu "livremente".

Foi excelente proporcionar a ela uns dias com os tios Papito e Mari, de muita diversão. O primo Davi, o Amiguinho Davi... e seus pais.

Para mim e para o Cesar foi um verdadeiro "respirar ar puro".

Lutamos para evitar aglomeração e tentamos proteção ao máximo, são novos tempos. Mas foi uma sensação de "normal" que sentíamos muita falta (como todos sentem nesta pandemia).

Agora estamos de volta à rotina da quarentena: aulas online, trabalho de casa. 

Mas o Cesar de regresso aos poucos ao trabalho (agora em casa dos alunos), e estamos nos ajustando a essa alteração na rotina, com a ajuda da vovó Valda.

Só tenho que agradecer. Viemos cheios de vitamina D e Sal.


#Quarentena11 (09/06/2020)  

A Carol apesar da crise na semana passada, tem estado super bem.

As noites variam, mas graças a Deus a convulsão parece não ter deixado sequelas.

Está mais vaidosa do que nunca. Fazer penteados na Carolina sempre foi um tormento. Nesta Quarentena pede e quer a cada dia um novo e mais elaborado. A regra é: nada de pente, nem dedo ou unha dividindo o cabelo. 

Ou seja, evolução. Grande evoução!

Adora fazer as aulas diárias da escola e as tarefas também. Nunca reclama. Por vez até comenta que está cansada, mas faz tudo diariamente com dedicação.

O apetite está ótimo e aceitando novos alimentos. A sopa passou a fazer novamente parte do cardápio e para boa "portuguesa" nada me deixa mais feliz. Ama peixe, me parece que a genética portuga existe e forte no seu palato.

Na quarentana se aproximou da nossa gata Jujuba, uma persa cinza de olhos amarelos lindos, com mais de 10 anos e que sempre fugia dela 😊. Agora mais amigas do que nunca (uns alimentos por baixo da mesa ajudaram rsrs).

Trocamos as leituras diárias na hora de dormir para o jogo da mímica. É de ficar com soluços de tanto rir. A Imaginação da Carolina é demais (rindo aqui sozinha).

Sentimos muita falta da praia e da piscina. De aproveitar um belo dia de sol, nadar e sentir a pele dourada do sal ou do cloro. Diariamente falamos disso... acho que eu e o Cesar estamos precisando surfar...

A rotina de treino tem focado na Yoga. Eu mesma estou sem pique nos últimos dias para garndes treinos. Trabalhar horas a fio numa mesa e cadeira nada própria estão deixando sequelas infelizmente. Então alonga e alonga para minimizar as dores. Carol adora, mas por vezes preciso fazer sozinha para conseguir concentração e foco no treino e tirar resultados dele.

O Cesar está ficando um cozinheiro exemplar, as suas pizzas estão fazendo sucesso. 

O meu pai, fez sucesso profissionalmente com uma pastelaria que virou pizzaria na década de 80 em Lisboa. Bate uma nostalgia... sem fim...

Tenho pensado e lembrado muito de Portugal. Cada dia me lembro de um cheiro, uma sensação, do nada ela vem e fica. Acho que estou precisando voltar... e levar a família junto.

Quem sabe... no próximo ano... 


#Quarentena10 (29/05/2020) 

Nenhuma mãe deveria ver seu filho convulsionar. A imagem do seu filho com o corpo duro, feição de dor, língua sendo mordida, lábios roxos, olhos revirados... por mais que o tempo passe, quando uma crise volta, tudo volta à flor da pele e até a fé fica de novo abalada. Fazia dois anos que não sentia meu coração sair pela boca assim. É uma mistura de perder o chão quando ao mesmo tempo você precisa estar viva e calma. E uma vez mais, estava eu sozinha, ali assistindo a epilepsia roubar a alegria e felicidade da casa. Não sei quanto tempo durou. Sei que chamei "carolina, meu amor!! Mamãe está aqui!! Filha acorda amor, olha a mamãe aqui!! Carol!! Por favor olha para mim!! A coloquei em posição de conforto e segurei... segundos... minutos... não sei... Liguei ao Cesar, tremendo e mal conseguindo segurar o meu celular. Ele não atendeu. Quando retornou só gritei: vem para casa agora (que sorte estava apenas 2 andares em baixo)!!! Eu estava lavando a louça do jantar por isso a água ficou correndo pela torneira ao mesmo ritmo que o meu coração esvaziava em tristeza. Hoje, 24hrs depois parece que eu levei uma surra. Me dói o corpo todo. E aquela imagem da minha menininha sofrendo... afasta meu sono.... #epilepsia #criseconvulsiva #semdiagnóstico #dordemãe #sóafé


#Quarentena9 (25/05/2020)

A Carolina, está crescendo "a olhos vistos". Esta quarentena deu para perceber de perto o quanto ela está amadurecendo, virando uma mocinha.

Cada dia mais vaidosa e madura, mas ao mesmo tempo carinhosa, cuidadosa e preocupada com temas diversos e em geral.

Fico encantada o quanto nos obedece e cumpre as novas regras definidas pela quarentena sem reclamar praticamente.

O quanto comenta sobre as notícias e temáticas do dia, tanto da TV como as que conversamos em casa.

Tem personalidade forte e sabe o que gosta e quer e luta por isso.

Estudar e fazer corretamente as tarefas escolares é uma delas. 

Como me identifico na minha pequena "nandinha" 😊... quem me conhece bem entenderá.

Ontem ela me perguntava porque os seus dentes estavam nascendo tão amarelos.

Os de leite eram lindos e branquinhos, exceto o da queda que ficou bem acizentado (caiu de boca na escola e fez um trauma).

Realmente a nova dentição vem cheia de manchas brancas e amarelas.

Pesquisei muito assim comecei a perceber, porque achei que seria da medicação para epilepsia. Conversei com diferentes médicos, desde dentistas até à neuro. Mas realmente tudo nos leva a acreditar que tem a ver com a meningite que enfretamos em 2017.

Graças a Deus a mesma não deixou nenhuma sequela, mas achamos que o impacto veio na dentição.

Com a evolução da estética na parte odontológica me tranquiliza um pouco, para que um dia ela possa tratar dos mesmos. Afinal é estética... 

Mas do que sei, apenas será possível numa idade de adolecência... e isso me deixa preocupada, claro, tanto pela sua autoestima como pela reação de terceiros, principalmente na escola. Afinal se trata do seu sorriso.

Que Deus me dê sabedoria para passar confiança à Carol, juntamente com seu pai, para que esse não seja um tema de "tristeza" na sua adolescência (no meio de tantos possíveis numa idade "difícil").

#educar #denticao #meningite #medicacao #denticaomanchada #dentes #dentista 


#Quarentena8 (13/05/2020) 

Hoje é dia de Nossa Senhora de Fátima. Que data forte. Santuário de Fátima vazio... é este mundo mudou. Uma certa tristeza em tamanho vazio em pleno santuário, agora assistido pela internet.

Desde que moro aqui no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca que nesta data vou com a minha mãe à procissão das velas no santuário do Recreio. Lugar mágico para mim, que me conecta às minhas raizes e mais de 30 anos vivendo em Portugal.

Quantas promessas, pedidos e agradecimentos fiz aos seus pés de joelhos... desde que sou mãe.

A Carolina ontem pediu para rezar antes de dormir, partiu dela... vi tamanha beleza na sua simples e pura oração.

Sinto a Carolina bem, em paz. Isso tem me acalmado o peito.

Por exemplo, nos últimos dias temos feito vários penteados.

Parace uma coisa boba, mas a Carolina passou mal várias vezes em tentativas de penteado ou de se deixar o cabelo solto.

A maior parte das vezes só aceitava um rabo de cavalo e uma tiara, ou um simples laço.

Vejo nisso um misto de evolução a uma hiper sensibilidade sensorial e o seu crescimento (virando uma mocinha nesta quarentena).

Obrigada mãe Maria, nossa Senhora de Fátima, por estar sempre ao meu lado. Sempre.

Uma vez disse a uma grande amiga de Portugal, em desespero no hospital ao lado do filho: "se ajoelhe amiga, reze à nossa Senhora, ela é a mãe de todas as mães, vai te ouvir. Tenho a certeza.

Tenho fé em nossa senhora sim... e tenho muito orgulho disso.


#Quarentena7 (04/05/2020)

Na semana passada não consegui escrever.

Na 3ª feira a minha avó, a bisa da Carolina, passou mal de manhã cedo e em cerca de duas horas Deus a levou. Precisei me ausentar do trabalho de uma hora para hora e sair da quarentena para tratar de toda a parte mais burocrática... mas a parte mais dura foi ter de fazer o reconhecimento do corpo no hospital, para liberação do mesmo. Duro demais. Que dor...

Mesmo sabendo da sua avançada idade (90 anos), nunca estamos preparados para perdermos pessoas que amamos. Já tinha passado por algo similar com o meu pai, mas é sempre muito difícil dizer Adeus.

Mas desta vez, nesta perda, tenho a Carolina perto e a sua doçura e pureza tem ajudado a ver a morte em outra perspectiva.

A Carolina era bem próxima da Bisa. Desde a ligação da minha mãe que ela ficou apreensiva. Assim que a dolorosa notícia chegou, ela sentiu a tristeza chegando e argumentou que a bisa Maura tinha virado uma estrelinha.

Como isso preciso relatar vários momentos nos últimos dias

  • Mãe é assim rápido, ela fecha os olhos e plim-plim, vira estrela?
  • Mãe, pega o binóculo para hoje de noite vermos a bisa da varanda - a estrela mais brilhante do céu, certo?
  • Começou a chover de noite: "tadinha... vai molhar a bisa toda"
  • Cesar olhando pelo binóculo Carolina questiona: "Ela está fazendo coração para você com as mãos?" Alguns segundos depois: "Mas como ela faz isso com as mãos se estrela não tem braços?"
  • Deve ser triste estar lá sozinha na estrela, de tão longe.
  • Vamos os 3 enviar para o céu beijos para ela? Vamos!

Incrível, porque no meio de tanta dor e tristeza, em plena quarentena, esses momentos diários na varanda de casa, olhando o céu (algo que já acontecia), passou a ter um sentido diferente.

Minha doce avó, que Deus a tenha levado ao colo e que de uma forma iluminada, do céu, nos proteja a todos e em especial a sua florzinha, Carol.

Te amamos para sempre.


#Quarentena6 (21/04/2020)

Essa semana, temos mais um dente querendo cair. Mas pela primeira vez a Carol está com medo que o pai arranque o dente mole. Está incomodando bastante porque está bem solto, mas efetivamente vai ter de cair sozinho. Quase passou mal, numa tentativa. Ficou sem energia e não dá para arriscar.

As aulas online continuam e a Carolina aceitando as mesmas com gosto e foco. Dá felicidade ver o seu empenho.

O meu trabalho está bem intenso. Trabalhando nos dois dias de feriados. Admito, estou muito cansada. Fazendo quase um ano sem férias e a um ritmo que não é moleza. Mas mesmo sentindo que a bateria está baixa, agradeço diariamente à vida!

Cesar tem alguns alunos que graças a Deus querem treinar e isso ajudará na estabilidade em casa, apesar de intensificar a logística com a rotina da Carol em casa e com a minha pressão no trabalho. Mas é uma boa notícia! Agradeço a eles, de coração.

Vou percebendo que tem muitas pessoas usufruindo de férias em casa, ginástica, séries, livros, tv... outros claramente não, trabalhando mais que nunca.

Por exemplo as mães atípicas agora viraram fisioterapeutas, fonoterapeutas, pediatras, neuros, etc... mais do que nunca.

Os grupos que faço parte, revelam angústias mais intensas do que nunca. O cansaço e preocupação com o futuro pesa nessas famílias.

Começo a ficar preocupada com a falta de fisioterapia, capoeira, piscina e atividade em parquinhos para a parte motora da Carolina.

Eu e Cesar temos tentado alongamento, ginástica, patinete, bicicleta, corda, bambolê, órtese, mas não tem sido nada fácil. Vejo o investimento do botox, sendo perdido? Se sim, que fazer?

Cada um do seu jeito, vai trabalhando algo com a Carol, mas não é igual quando a terapia é feita intensivamente através de esporte ou com a ajuda de profissionais.

Continuamos sem trileptal e a Carol apenas teve um desconforto num penteado com pente. Uff... graças a Deus os dias e noites andam sem crise. Amém.

Tenho tentado dar o nosso exemplo de sucesso para outras famílias, mas sinto que nem sempre é visto assim. Eu entendo. Quando o nosso filho não está bem é difícil ver a luz do sol lá fora. E não sei o motivo, mas nos últimos dias senti isso mais de perto.

Como o meu peito esquenta, nessas horas. Gostaria que todas as mães acreditassem que tudo é possível. Que até o que parecia impossível por vezes se transforma.

Por exemplo a Carolina era péssima para comer.

O apetite anda ótimo tem meses. Sem nenhuma medicação para estimular (de homeopatia), hoje a Carolina pede comida, aceita por exemplo alface e cenoura com tranquilidade todos os dias. Pede bife e grão de feijão, batata e puré. Alimentos que antes era impensável.

Prefere um prato de comida de verdade, do que um lanche. Para quem esteve quase um ano sem quere comer nada, onde recusava tudo, não aceitava nada mesmo, para quem não ganhava peso de forma nenhuma, são só vitórias!

Entendo que o controle das crises, tem sido o botão em modo "on" para tantas melhorias e sei que essa é a grande luta de muitas famílias.

Gostaria muito de abraçar cada uma dessas mães de forma apertada passando amor.

Para as que me vêem como alguém que teve sorte e muitas vezes evitam lêr o que escrevo, no blog ou em grupos, sou apenas alguém que entende a mesma dor e preocupação, porque passei pelo mesmo... intensivamente. Quem esteve perto e me conhece sabe bem disso.

Hoje percebi pelo instagram e em notícias que parece que enquanto uns se seguram em casa, evitanto atividades tão importantes para os seus, como fisioterapia ou natação, outros passeiam para lá e para cá, sem proteção ou como se nada fosse.

Como em tudo na vida parece não haver equilibrio.

Sou a primeira a defender a volta à vida normal, por todos os motivos e mais alguns. Mas me assusta ver tão claramente algum egoísmo por ai...


#Quarentena5 (14/04/2020)

Entramos na quinta semana em quarentena.

A Carolina pediu muito para brincar e entregar umas pulseiras que tinha feito à sua amiga Bella. E a Bella queria entregar as suas e uns doces de Páscoa à amiga.

Pensamos e repensamos, mas em concordânica com a Eliane, mãe da Bella, cedemos.

E como foi lindo ver a felicidade e alegria daquelas duas crianças brincando numa sintonia de energia pura.

Sabemos que o isolamento é o correto e sinto que algumas pessoas o condenam, mas tenho a fé de que o que é feito com o coração tem que dar certo. Aumenta até a imunidade.

Por casa, continuamos na rotina, mas com uma variável nova, as aulas online da Carolina.

O Cesar a acompanha na maior parte dos dias, porque nesse horário na grande maioria das vezes estou em reunião com a Europa devido ao fuso-horário atual ou preciso avançar com algum relatório.

Depois de algumas dificuldades no início, hoje sinto que aquela hora de aula é bem aproveitada pela Carol e ajuda muito a manter a proximidade à escola e aos amigos.

Como essa é a minha realidade desde que vim para o Brasil, ter equipes distantes geograficamente e trabalhar sempre utilizando vídeo conferência e o acesso à internet como a base de diária de trabalho, considero que pode ser algo bem positivo para as crianças estudar assim, porque esse é o mundo de hoje e aprender desde cedo essa realidade tem seus ensinamentos e pontos positivos.

A Carolina, se adaptou com facilidade e tem cumprido a rotina de tarefas pela manhã e de tarde com empenho. Uns dias a preguiça e o cansaço tentam ganhar espaço, mas logo ela se empenha no meio dos lápis de cor, letras, números e desenhos. Hoje teve a primeira aula de geografia. É... a nossa menina está crescendo.

Eu me sinto em alguns momentos "sufocada", sem as viagens de trabalho, da rotina na academia, dos passeios pelos parquinhos e até mesmo de idas ao shopping para um almoço ou lanche. E dos programinhas com as crianças e mães... ficaria aqui listando diversas atividades ao ar livre.

Não sinto saudades do trânsito diário 😊, nem das saudades da Carol e de casa quando viajo.

Li em algum post, que daqui a 10 anos os adultos vão se lembrar desta fase como algo que afetou a saúde e a economia intensivamente, ou seja das dificuldade, enquanto que as crianças irão se lembrar de todas das refeições com os pais, das aulas com os pais apoiando de perto, das brincadeiras diárias, da união e presença familiar. Vejo muita cor nessas lembranças dos mais pequenos. bem curioso porque será apenas o lado positivo de todo este caos mundial.

Hoje o meu dia de trabalhando está terminando, vou para a minha varanda fazer cardio e musculação e depois uma yoga no final para relaxar/alongar, certamente a Carol fará comigo. Aproveitaremos com o Cesar o pôr do sol na montanha (e que sorte temos de ter esta vista de casa).

Não nos esperam tempos fáceis, mas temos e precisamos de resiliência e coragem como bandeira e com saúde tudo é possível nesta vida! Se é.


#Quarentena4 (06/04/2020)  

Nunca pensei que estariamos entrando na 4 semana de quarentena, sem previsão de fim...

Logo no início de Março, em Portugal meus amigos e colegas de trabalho já falavam que as escolas estavam fechadas, mas nunca pensei de verdade que chegássemos a este ponto a nível mundial. Quanta ilusão. Parece que tem meses...

Hoje um amigo, desabafou comigo, sobre a sua dificuldade financeira de sobreviver e que pensou em voltar para casa dos pais. Isso é muito duro e triste, para alguém tão trabalhador.

Ontem decidi ver reportagem sobre o Covid-19 de noite e quem disse que eu conseguia dormir?

Hoje quando despertador tocou para trabalhar, estava no meio de um pesadelo e passei a manhã trabalhando angustiada... quem me manda ver tv em vez de ler um livro?!

A Carolina segue fazendo tarefas definidas por mim e pelo Cesar (este tema tem me deixado bem angustiada, como outras amigas minhas). Mas o que fazer quando algumas pessoas ou instituições não conseguiram até agora se adaptar a esta nova realidade? Lutar pelos nossos e se preciso for, virar professor da noite para o dia.
Alguns pais reclamam de excesso de aula e tarefas de casa. Outros consideram insuficientes as enviadas/dadas. Difícil um peso e uma medida certa.

As brincadeiras começam a ser repetitivas.

Como passei o fim-de-semana brincando com a Carolina, hoje ela sentiu minha falta enquanto trabalhei. Na hora do almoço chorou com o isolamento, então almocei mais rápido e fomos para a varanda brincar no sol de "restaurante". Ela cozinhava e eu era a cliente. Que comida gostosa, que vista o restaurante tinha. Tão bom ser criança, a tristeza passa rápido. Mas logo tive que voltar para o computador e para as minhas responsabilidades profissionais, que agradeço... de joelhos.

Cesar hoje teve de sair para levar à mãe dele material de higiene e medicamentos.  Infelizmente teve de deixar tudo na porta para evitar o contato. Que triste este afastamento.

Todos dias penso na minha avó que já passou dos 90... espero que o Covid-19 permita que a veja rapidamente, porque estou com saudades de verdade.

Esta semana faz 8 anos que meu pai faleceu, fico em choque quando penso como o tempo voa e quanta coisa aconteceu e mudou na minha vida depois. Chega a assustar.

Mudei país. Decidi ser mãe. Mudei de trabalho. Eu mudei, muito. 

Passei por tanto com a Carolina e graças a isso sou por vezes de pedra e em outras de mel, mas acho que esta quarentena me mudará mais ainda.

Quem seremos todos nós daqui a algumas semanas?


#Quarentena3 (31/03/2020) 

Entramos na 3ª semana de quarentena.

Confesso que hoje acordei angustiada. Quando tudo isto vai acabar?

Por aqui algumas mudanças já são nítidas...

Aqui em casa, apenas eu sigo trabalhando, mas como em todas as famílias as contas começaram a chegar...

Devido às questões de saúde da Carolina temos economias, que existem para isso mesmo, saúde da Carolina.

Ter de as usar para contas mensais é angustiante.

Mas e quem não tem isso? E que tudo o que recebe semanalmente ou mensalmente em Março já acabou e a geladeira começa a ficar vazia e sem luz ao fundo do túnel?

Penso nos 14 milhões de Brasileiros que vivem em comunidades (mais do que a população inteira de Portugal)... sem água, sem dinheiro para sabão para se protegerem através de uma simples lavagem de mão ao COVID-19, vivendo 10 pessoas numa casa de 2 cômodos...

Lido de perto até hoje com a Europa e sim é uma realidade bem diferente da Brasileira, até mesmo numa quarentena.

Meio mundo grita, #ficaemcasa. Sei que é a única solução. Mas como se sobrevive sem dinheiro e sem comida numa realidade como a que vivo?

Através de doação? Mas e aí até quando... é uma cadeia de pessoas que dependem umas das outras para sobreviver... por quanto tempo?

Começo a ficar preocupada com as pessoas em geral, mês novo entrando e contas chegando... todos os dias uma nova.

Receio que a insegurança na cidade venha a ser intensificada com o desemprego e falência.

01 de Abril de 2019 foi uma data muito difícil para nós aqui em casa. Nunca imaginei que 1 ano depois estaríamos angustiados, mas todos no mundo neste cenário de quarentena.

A Carolina tem me inspirado. Ele acorda e deita alegre. Não pede para sair, nem reclama de estar em casa. Numa energia de quem está feliz por estar em casa com os pais e se sente segura.

Hoje porém mostrou algum cansaço por esta drástica mudança na rotina, sem amigos, escola, terapias e esportes. Sem estar livre.

As atividades diárias são diversas. Enquanto eu trabalho (que agradeço de joelhos em oração), o pai continua liderando as atividades diversas da casa. E assim seguimos. E ao final do dia eu lidero a atenção. Ao fim-de-semana fica mais fácil... porque acabo participando de tudo e dividindo tudo. 

O momento alto do dia para mim é a aula de ginástica ou yoga + alongamento diário com a Carol e o Cesar. 

Para a Carolina tem sido também a reunião por um aplicativo com os amigos e amigas. Emocionante como as crianças são unidas. Elas brincam de maquiagem, de andar de patinete em casa, de vestir, de experimentar calçados, de mostrar a casa e os brinquedos, os animais de estimação... todos os dias tem um tema: festa junina, fantasia, natal, ... tudo pelo tablet. Eu conheço bem essa realidade, afinal trabalho assim tem anos (equipes em outras geografias).

Estou preocupada com as aulas, no caso a falta delas. Por aqui intensificamos as atividades escolares, mas ela está no 1 ano e eu queria tanto que ela tivesse outras lembranças deste ano escolar... :(

Confesso que o meu otimismo está se reduzindo diariamente, na mesma proporção que os dias de quarentena aumentam. 

Quantas angústias começam a bater no peito. Que a fé e resiliência permaneçam, como sempre.


#Quarentena2 (23/03/2020)

Na sexta-feira estava trabalhando e seu pai me enviou um vídeo seu. Não aguentei! Você estava super falante, sem vergonha nenhuma mostrando os seus bonecos do Luccas Neto.

Pouco tempo depois ele me enviou outro, onde você mostrava a sua casa... morri de rir.

Mais tarde ele me disse: "enquanto fazia o almoço ela pediu meu celular emprestado. Expliquei como poderia gravar vídeos e assim foi. Do nada tinha 10 vídeos gravados." Um verdeiro "Cacarentena" (nós chamamos a Carol de Cácá).

Quando ele me mostrou gargalhei muito nos mesmos. Sorri. Partilhei pela família e todos ficaram pasmos. Cadê a Carolina tímida e tantas vezes envergonhada para enviar um simples whatsApp.

A Quarentena estava revelando a Carolina que apenas nós em casa ou as pessoas mais próximas conhecem. Uma menina falante, com excelente dicção e cheia de opinião.

A mensagem que mais me emocionou, foi a da madrinha Sônia. Tanto eu como o Cesar ficamos com olhos cheios de água. Ela dizia emocionada o quanto era incrivel a evolução da Carolina. Como poderiamos imaginar depois de tanto que passamos, que aos 6 anos ela estaria assim? Apenas quem acompanhou desde o começo tudo, entenderá.

Hoje 2ª feira, faz 1 semana que estamos de quarentena. Não está sendo fácil estarmos "presos", mas por incrível que parece a Carolina entendeu e nem pede para sair.

Pelo contrário, ela arguenta toda hora com sabedoria porque estamos em casa.

Tenho postado no instagram do blog (@guerreiracarolina) alguns desses vídeos. São para quem realmente gosta e vibra com a evolução da nossa princesa! Não tem objetivo de a expor e sim partilhar a nossa felicidade em ver a sua evolução motora e cognitiva.

Fizemos uma cabaninha na sala, que ela mesma preencheu com brinquedos e objetos diversos. Limpamos intensivamente a casa durante o fim-de-semana e aproveitamos para criar um mini-escritoório no nosso quarto, para eu continuar trabalhando sem atrapalhar as brincadeiras na sala e rotina da casa.

Nas horas do meu trabalho o pai lidera tudo... depois como rotina fazemos ginástica juntos (ter um PT em casa tem certas vantagens 😊), yoga, tarefas escolares, pulseiras, maquiagem, etc, etc, etc.

Estou no quarto trabalhando e te escuto na sala: eu tou muito feliz, eu tou muito feliz. Você está terminando as tarefas da escola com seu pai: corte e colagem de letras e palavras, ouvir história para representar a mesma em desenho e criatividade

Haaaa como é bom ser criança! Sinto que você está feliz na sua casa com seus pais.


#Quarentena1 (19/03/2020)

Apesar de estarmos em quarentena tem uns dias... apenas hoje senti que precisava guardar e registrar mais esta etapa, aos seus 6 anos de idade.

Eu continuo trabalhando intensivamente, alguns momentos de casa, outros ainda de um escritório vazio (enquanto ainda posso), quando preciso mesmo de silêncio e sossego nas reuniões com clientes e internas.

Afinal morar em 70 m2 como a maioria dos apartamentos do RJ, tem grandes desvantagens em momentos onde a família está toda em casa e você precisa de silêncio. Excelentes áreas de lazer, mas que não podem ser usadas... numa cidade que continua em pleno verão.

Nessas horas lembro nas casas que vivi em Portugal dos meus pais... todas enormes e cheias de espaços... em especial a de Sesimbra. (Nostalgia que dói).

Você saiu do banho e quando olhei tinha a toalha tampando o rosto. Fui até lá e perguntei o que estava acontecendo. Você chorou, intensivamente. De soluçar.

Perguntou porque não podia ir para escola nem brincar com algum amigo. Até quando ficaremos assim?

Pela 100 vez eu e seu pai lhe explicamos os duros motivos.

Ai, como é dificil.

Seu pai, te convidou para cozinhar... e em minutos estava sorrindo. te deixei participar de reuniões e os seus olhos deixaram de ficar avermelhados do choro.

O meu trabalho está mais intenso do que antes, mal consigo te dar atenção. Reuniões atrás de reuniões. Temas e emergências para que os projetos não parem.

Mas só agardeço, porque estou com trabalho e lutando pelo futuro da empresa, junto dos meus colegas. Todos com muito foco. 

O seu pai, porque a academia fechou como todas as outras do país (e pelo mundo), está ajudando com tudo em casa, principalmente com atividades e brincadeiras com você. E ele tem energia para dar e vender, acorda de madrugada e corre ou anda de bicicleta klms... enquanto ainda se pode. E puxa por você a toda a hora. 

Ele tem dormido bem pouco, sempre acordou cedo. Agora mais ainda.

Eu durmo mal. Meu pesadelos têm mostrado os meus medos lá dentro do subconsciente. 

Cada um sente este momento do seu jeito. E você, nunca foi criança de gostar de brincar sozinha ou estar "isolada".

Mesmo quando ficamos fechada por 17 dias no hospital por conta de um vírus duríssimo (meningite), 3 deles completamente isoladas, sempre estivemos "acompanhadas" por toda uma equipe médica. Depois por sua avó, seu pai e alguns amigos que estiveram lá por você.

Mas agora mais do que nunca, você mostra o quanto adora a escola e os seus amigos. Sempre foi tão estimulada, que estar parada em casa não combina com a sua essência.

Não sabemos por quantas semanas ou meses teremos de estar isolados, mas espero de verdade que você saia bem mais forte e corajosa, porque avizinham-se tempos novos.

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