Alice

Conheci a Angela, enquanto trabalhei na Sonae (Portugal) na equipe Clix e Optimus (tempos maravilhosos).

Anos depois conheci a sua história de maternidade atípica pelo Linkedin. 

Com muito orgulho aqui partilho um pouquinho desse amor gigante. 

"Janeiro 2016 descobri que estava grávida, era uma gravidez não planeada. Por isso toda a decisão de continuar com a gravidez foi muito minha.

A primeira ecografia fui sozinha e como comecei mais tarde o acompanhamento da gravidez descobri que ia ser uma menina. Não sei explicar mas nesse dia senti que ia ter uma companheira para a vida.

Foi uma gravidez com muitos enjoos, mas a Alice sempre me trouxe uma tranquilidade inexplicável. 

Na ecografia morfológica o médico descobriu que a Alice tinha probabilidade de ter Trissomia 21, lembro-me como fosse hoje, a médica quando me explicou e disse que podia avançar com a interrupção da gravidez, eu disse logo não nem pensar. Não seria uma probabilidade que me iria fazer desistir da Alice.

A médica era sem duvida magnifica e quando disse não, nunca mais tocou no tema e fizemos as consultas sem tocar no assunto.

Dia 15 de Julho de 2016 com 37 semanas, a Alice nasceu, a confusão da sala de partos senti que algo podia não estar bem, mas mal tive nos meus braços voltei a sentir uma tranquilidade fora do normal, aquela tranquilidade que senti em toda a gravidez.

Nessa noite ela disse-me sem falar que tudo ia correr bem para eu ficar descansada e até hoje durante a noite quando estou mais ansiosa ela pega na minha mão e tudo fica mais tranquilo.

15 dias depois foi confirmado o cariótipo e a Alice tinha trissomia 21.

Nesse dia chorei muito porque estava sozinha e podia e devia chorar, e agarrada a ela disse que ela ia ser feliz e iria conseguir tudo o que quisesse.

Comecei a pesquisa de terapias, ajudas e aconselhei-me com outras mães. Todas as terapias foram sempre pensadas e sei que foram no momento certo.

Começou aos 4 meses a ser estimulada pela intervenção precoce, fisioterapia convencional, terapia Ocupacional.

Quando fui à consulta com um pediatra de desenvolvimento, ele disse-me que as melhores terapias para a Alice seria 3 palavras: Amor, Amor e Amor.

Por uma colega de trabalho descobri o Método Cuevas e foi sem duvida uma ajuda na aquisição da marcha aos 18 meses, quando a fisioterapeuta

convencional dizia que não seria antes dos 3 anos.

A melhor palavra para definir a Alice é Alegria, é muito difícil alguém estar ao pé dela sem sorrir.

Tenho um enorme apoio familiar, os meus pais são incansáveis, o meu irmão mais novo é o tio protetor e aquele que me põe a mão no ombro quando me sente a desistir e a minha cunhada, a incansável Tia Rita, é a tia que ela não gosta de partilhar com a prima, a sua melhor amiga.

Apesar de longe o meu irmão mais velho sei que a segue e torce por ela sempre.

A Alice tem uma personalidade vincada e mesmo sem falar consigo perceber o que esta a sentir.

Começamos o 1 ciclo e uma nova fase que podia ser fácil, se a educação inclusiva em Portugal fosse realmente inclusiva. Como prometi não vou desistir NUNCA.

A Alice a menina que é Amor, Amor e Amor."

Sua Mãe, Angela Nunes 

Acompanhe também pelo Instagram: @alicenopais21maravilhas